quarta-feira, 27 de julho de 2011

A difícil arte de ler e escrever

Que difícil é manter um blog atualizado! Seja por falta de tempo, por falta de inspiração ou por falta de assunto esse blog ficou sem atualizações por mais de um ano. E só volto a escrever depois de tanto tempo para não me desacostumar com a escrita de textos não-técnicos.

Aderi ao twitter há pouco mais de um mês e vejo que é muito mais cômodo expressar-se em poucas palavras, em pouco tempo, de qualquer lugar e a qualquer hora. Os micro-textos do micro-blog são uma tentação: "Pra que passar 20 minutos escrevendo um post num blog se eu posso passar a mensagem em 2 minutos pelo twitter?" (isso, claro, se eu conseguir resumir a mensagem que eu quero passar a 140 caracteres...).

O twitter exige objetividade e eu percebi que o costume dessa ferramenta estava me fazendo ter preguiça de ler e escrever mensagens mais extensas. Cada vez mais passei a ler apenas as manchetes nas reportagens e textos que apareciam. Nunca fui um leitor disciplinado, do tipo de ter "lista de livros que li nesse ano", mas sempre gostei de me informar sobre diferentes assuntos, de esportes a política, de cultura geral a ciência. E estava perdendo esse costume, estava me tuitizando demais.

Por isso quero voltar a escrever no blog, na esperança de que volte a ler mais argumentações além de simples manchetes. Não deixarei de usar (ler) o twitter, que certamente é a melhor ferramenta de difusão de informação que existe, mas espero me expressar em mais do que uma simples frase. Esse primeiro meta-post é o primeiro de muitos (espero).

Saudações a tod@s

quinta-feira, 4 de março de 2010

O terremoto estava previsto e publicado!

(escrito em 02/03/2010)

Agora mais tranquilo, na Universidade e trabalhando. Estou no grupo de Ecologia da Universidade Católica, onde vou trabalhar com o professor Pablo Marquet. Ele me recebeu muito bem e à tarde teremos uma reunião para começar a vida normal.

Pablo me passou um artigo de 2008 que diz que existia grande risco de um terremoto de magnitude 8-8,5 na região de Concepción num futuro próximo. Envio o artigo em anexo, basta ler o início e o finalzinho do abstract para ter uma idéia do que fala.

A ciência ainda não está presente na vida das pessoas a ponto de que possamos dar importância a artigos como esse antes dos acontecimentos. A não ser que estejamos em um filme de Hollywood. Eu mesmo não creio que levaria esse artigo a sério a ponto de preocuparme... uma pena. Uma prova de que tenho que levar a ciência mais a sério!

beijos,

Charles

quarta-feira, 3 de março de 2010

Pós Terremoto - parte V

(escrito em 03/03/2010)

oi povo,

Como já vi que saiu nos jornais do Brasil e da Espanha notícias sobre novos tremores, escrevo apenas para tranquilizá-los, na medida do possível.

Senti os tremores aqui na Universidade, há uns 15 minutos. São tremores de média intensidade, fáceis de sentir mas que não trazem mais prejuízos a Santiago. A cidade suportou bem os tremores mais fortes de 8,8 e novos tremores como esse último (que foi de 6,0) não trazem mais problemas.

Acontece que esses mesmos tremores de 6,0 em Concepción têm consequências mais graves. Naquela região a  maioria das casas foi destruída e as que restam têm graves danos, ali sim um tremor como esse pode ter consequências maiores.

Na parte de baixo do site http://latercera.com/ vocês podem ver uma série temporal dos últimos tremores e dá pra ver que tem havido muitos desde o grande terremoto, uns mais leves outros mais pesados. Ontem tivemos poucos tremores e sempre de pequena intensidade, e hoje tivemos esse de intensidade mediana. Pra que tenham uma idéia do que eles representam, é como se estivéssemos em um barco no mar, dá pra ficar tonto, mas nada que abale as estruturas dos prédios, se estes já  resistiram ao terremoto anterior.

Já o tremor de 8,8 é comparável a uma forte turbulência em um avião (forte meeesmo), com a diferença de que o comandante não avisa antes para apertarmos o cinto. Bem diferente do balanço de um barco, por  mais que haja ondas :)

Repito que a vida segue sua normalidade por aqui. Eu, como marinheiro de primeira viagem, obviamente fiquei rindo de tão nervoso na hora desse novo tremor. Saí para o corredor da Universidade e me encontrei com um grupo de umas 10 pessoas na mesma situação: se olhando e rindo sem saber o que fazer. Éramos brasileiros, uruguaios, bolivianos... os chilenos estavam em suas salas trabalhando normalmente como se nada tivesse acontecido. As réplicas são esperadas, diria até que são desejadas (não por mim, óbvio :)).

Os que estão em Concepción sim podem ter tido problemas, uma pena, já sofreram demais...

Enfim... a vida segue, não se preocupem. O que mais me tranquilizou nessa experiência maluca foi o testemunho de meu irmão (geólogo), uma professora (também geóloga) e de Sr. Antonio (expert em terremotos :)). Seus depoimentos são bem parecidos e me preveniram para possíveis réplicas, sempre mais fracas que o terremoto inicial.

No mais, fica o mesmo alerta: Cuidado com a mídia! Se possível, desligue a TV e afaste-se dos sites da globo, uol e adjacências. Eles querem vender o terror.

muitos beijos, abraços, saudades...

Charles

Pós Terremoto - parte IV

(escrito em 03/03/2010)

Oi povo,

Hoje escrevo apenas para confirmar que as coisas se acalmaram. Eu, por exemplo, não senti mais nenhum tremor e só sei que houve alguns pequenos tremores porque vi no site de um jornal daqui (http://latercera.com/). Na parte de baixo do site tem uma espécie de “série temporal” de tremores... ali dá pra ver bem que a frequencia e a intensidade deles vem diminuindo bastante (um tremor de intensidade 1,0 é 100 vezes mais forte que um de intensidade 0,9... é o que dizem). Alguns dos que recebem esse email só entraram agora na lista de contatos por conta da pressa em mandar os emails anteriores :)

Passei o dia na Universidade. Estou na PUC do Chile. Eles dizem que é a 3a instituição de pesquisa mais importante da América Latina, atrás apenas da USP e da UNAM (México). Provavelmente eles não conhecem a UNICAMP, a UFRJ, a UFRGS, a UFSC, a UFPE, a UFBA, a UEFS, …  :)

Estou num laboratório de Ecologia que conta com um grupo bastante interdisciplinar, com certeza vou aprender bastante no tempo em que ficar aqui com eles. O  coordenador do Laboratório, Prof. Pablo Marquet, me recebeu muito bem. Pra quem não sabe, tenho 3 orientadores (um físico/informático, um oceanógrafo e um ecólogo) e estou trabalhando com “modelização dos efeitos das mudanças climáticas em ecossistemas polares”. Desde o ano passado venho trabalhando com o físico do grupo (Alejandro) e vim para o Chile para começar a trabalhar com o ecólogo (Pablo). Ele disse que durante o período em que eu ficar aqui, quer me ajudar o máximo possível com minha tese, pois sabe que não tenho formação em ecologia e isso deve ser minha maior dificuldade para o doutorado.

Posso dizer que cheguei em Santiago hoje. Foi o primeiro dia de rotina, apesar de que o assunto do terremoto não saiu de cena definitivamente (nem vai sair tão cedo...). Já tenho muito o que ler para fazer uma apresentação na sexta-feira... ou seja, meus dias começam a entrar na normalidade de uma estância de doutorado... a partir de agora tenho que voltar toda minha atenção para isso! :)

Espero que estejam todos bem. Pelo menos em Santiago a vida voltou ao normal. Mas sabemos que em outros lugares esse avanço ainda vai demorar bastante, infelizmente.

Muitos beijos, abraços e saudades!

Pós Terremoto - parte III

(escrito em 01/03/2010)

Tenho tido dificuldades para conseguir a internet dos vizinhos, mas nesse pouco tempo procurei me informar numa das raras fontes de informação brasileiras em que confio.

Um texto com o qual concordo bastante, pelo pouco que observei aqui. Acrescenta a observação de que o terremoto no Haiti teve como Hipocentro (ponto de choque das placas tectônicas) uma região no continente, enquanto este terremoto do Chile teve como Hipocentro um ponto no Oceano, a alguns km da costa. E deixa claro que "Santiago Sobreviveu", que a vida segue na capital... Isso é o que chamo de "jornalismo"... diferente de outras coisas que chamamos de "mídia".

Abraços,

Charles

Vejam o texto:

Santiago sobreviveu!

Atualizado e Publicado em 01 de março de 2010 às 10:27

por Luiz Carlos Azenha, de Santiago, via R7

Se fosse apenas um filme, não uma tragédia, seria justificável o comentário de uma colega jornalista, que encontrei na portaria de um hotel da capital chilena: “Sinceramente, eu esperava mais”.

Talvez seja uma marca deste século midiático: medimos as tragédias pela capacidade que elas têm de gerar público e manchetes espalhafatosas para preencher os espaços entre os comerciais.

Pois a manchete, então, é a seguinte: Santiago sobreviveu!

Com hematomas, com certeza. O aeroporto fechou, o metrô também, passarelas de rodovias e alguns prédios mais antigos desabaram, vários serviços ficaram paralisados.

Mas no momento em que escrevo esse texto, menos de 48 horas depois do terremoto, a cidade nem parece que enfrentou o maior tremor dos últimos 50 anos.

Sim, há os inconvenientes para nos lembrar de como nos tornamos dependentes das comodidades da vida moderna, como a internet, o telefone celular e a água quente.

No hotel de executivos em que estou hospedado, bem pertinho do palácio presidencial de La Moneda, não há água quente para os banhos — o fornecimento de gás continua cortado — e os elevadores não estão funcionando.

Subir sete andares de escadas pode parecer traumático para quem acaba de completar uma viagem de 8 horas de automóvel desde Mendoza, na Argentina,  único jeito de chegar à capital chilena.

Mas não podemos esquecer que há menos de 48 horas esta cidade foi chacoalhada por um terremoto de 8,8 pontos na escala Richter. E Santiago funciona, ainda que aos trancos.

Conversando com um turista brasileiro, sem querer ele me explicou o motivo do “sucesso” de Santiago, que pode parecer trágico para os marinheiros de primeira viagem: o prédio do hotel em que estamos hospedados chacoalhou. Que é exatamente o que se espera de um prédio bem construído em uma região sujeita a terremotos: que chacoalhe, mas não desabe.

Deixo Santiago por um instante e mentalmente me transporto ate Tóquio, onde fiz uma grande reportagem em 2001: estive embaixo de um prédio altíssimo que incorporava molas gigantescas à sua estrutura, justamente para dar à construção mais flexibilidade nos tremores. É o famoso balança mas não cai.

Não tive tempo de ir ao subsolo checar se o prédio onde me hospedo agora tem molas na estrutura, mas é fato que a legislação chilena foi aperfeiçoada depois do grande terremoto de 1985. Nos últimos dez anos todos os prédios erguidos no Chile obedecem a normas internacionais para torná-los menos vulneráveis a tremores.

O que não é uma garantia absoluta. Estive nos escombros de uma das autopistas mais modernas de Santiago, que liga o centro da cidade ao aeroporto internacional e que veio abaixo feito um castelo de cartas. Um chileno protestou: “Pagamos pedágios caríssimos para andar nessavia urbana e veja só”. Só diz isso porque não sabe as “coisas” pelas quais nós, brasileiros, pagamos pedágio.

Mas esse episodio trágico é a exceção que confirma a regra: Santiago resistiu  surpreendentemente bem.

Talvez seja resultado das comparações inevitáveis com o que vimos no Haiti, embora essa historia de “comparar” terremotos tenha se transformado em uma espécie de gincana bizarra.

No caso de Porto Príncipe, o epicentro foi a pouco mais de 10 km; em Santiago, a mais de 300.

Ainda assim, é inegável que os danos nas duas cidades foram diretamente proporcionais à qualidade das construções e à estrutura dos governos locais. Quanto mais fraco o estado, maiores as conseqüências dos fenômenos naturais como enchentes e terremotos e menor a capacidade de lidar com elas.

Mas, se avançarmos no caminho das comparações, os haitianos não se saem de todo mal. Eu me lembro bem quando colegas, numa manifestação talvez inconsciente de racismo, previam que o mundo viria abaixo em Porto Príncipe, por conta de gangues que provocariam saques violentos. Foram dias até que um episódio do gênero de fato acontecesse em Porto Príncipe.

Pois aqui, em Concepción, a maior cidade da região realmente destruída pelo terremoto de sábado,  nem bem 24 horas se passaram e uma multidão atacou os armazéns de um supermercado.

Pós Terremoto - parte II

(escrito em 01/03/2010)

oi povo, como estão? Agradeço as mensagens de preocupação, agradeço os bons pensamentos... não parem que está dando certo! :)

Bom, a coisa mais importante que quero dizer nesse email é: não assistam os noticiários! NÃO ASSISTAM!! Porque nos noticiários eles não colocam notícias de lugares onde as coisas estão bem, colocam sim notícias de onde há mais problemas... todos sabemos que sempre foi e sempre será assim. A dor e a miséria trazem audiência... nenhuma emissora de tv vai a uma localidade onde não houve estragos se há tantos lugares cheios de problemas.

Eu estou em Santiago, num bairro chamado San Miguel. Estou na casa do pai de um companheiro do mestrado da Espanha (Antonio). É uma família encantadora, gente tranquila e alegre, muito receptiva, e muito acostumada a superar momentos como este. O pai de Antonio tem 80 anos, é bombeiro e ainda trabalha na coorporação na parte administrativa. Tem uma energia e uma tranquilidade admiráveis. Já presenciou pelo menos 5 grandes terremotos em sua vida, entre eles o de 1960, o maior já registrado na história. Ele nos passa uma confiança incrível, sabe exatamente todos os procedimentos a tomar em caso de réplicas e conduz a todos do prédio (um prédio pequeno, com apenas 4 andares). Sempre há alguém perguntando "Sr. Antonio, que devo fazer?" e ele sempre tem uma resposta precisa e tranquilizadora. Ele me convidou a ficar aqui em sua casa durante todo o tempo que permanecer no Chile, e eu fiquei muito feliz com isso! :)

Aqui no bairro de San Miguel não houve nenhum dano. Ontem saímos de carro para observar a região e não encontramos nenhum prédio com problemas. Nosso prédio em particular está em perfeita ordem, sem nenhuma rachadura interna ou externa. Sempre que há pequenos tremores nos posicionamos num pátio grande que há abaixo, longe de paredes e de postes. Estes pequenos tremores são frequentes e é bom que aconteçam: é durante os pequenos tremores que a terra se "acomoda", volta a uma posição de equilíbrio. Se não houvessem esses pequenos tremores a volta ao equilíbrio poderia ser com um tremor mais forte, a réplica que todos temem.

Até ontem não tínhamos eletricidade, e por isso estávamos muito distantes de todas as notícias. Sabíamos pelo rádio (a pilha) que havia problemas na região do epicentro e que havia risco de tsunamis em pequenas ilhas vizinhas, mas não tínhamos imagens da tragédia. Com a eletricidade veio a televisão e pudemos ver o estrago e a dor que existe em muitas regiões do país... Não tínhamos idéia de nada disso porque na região em que estamos não houve nenhum estrago, como disse. O Epicentro foi em Concepción, uma cidade há mais de 300 km de distância. Além da distância, Concepción é uma cidade mais pobre, as construções são frágeis, ao contrário de Santiago. Isso fez com que as consequências ali fossem tão desastrosas. É o mesmo que falava sobre a relação Chile x Haiti. Santiago tem outra estrutura, e por isso os problemas foram muito menores, e se concentraram em edifícios mais altos ou mais antigos. O prédio onde vivo é mais novo (tem uns 5 a 10 anos de construído).

Aqui temos água, eletricidade, telefone, e agora temos até internet sem fio que utilizamos dos vizinhos hehehe :) As pessoas já estão trabalhando normalmente e inclusive já contactei com o professor da Universidade, que está bem e me garantiu que posso ir ao  campus amanhã para começar as atividades (ele já está no campus, arrumando a bagunça da sua sala :)). Vou conversar honestamente com ele para ver o que farei, mas de qualquer maneira o aeroporto está fechado até a sexta-feira e pegar estradas é ainda mais perigoso que ficar aqui (não vamos esquecer que existe uma cordilheira imensa para atravessar até chegar ao Brasil hehehe :)). Decidirei tranquilo o que achar que for melhor para mim e para os meus. Não quero que ninguém fique preocupado demais, problemas de coração trazem tantos ou mais problemas que os terremotos :)

Essas boas notícias não significam que esquecemos a dor que vive o povo chileno, a distância que mantenho das notícias não significa que não me importo com a situação que vivem milhões de pessoas, mas sim que para superar as dificuldades que vivemos aqui creio que é melhor levar o dia-a-dia com um mínimo de alegria, paciência e paz... é impossível esquecer a tragédia porque a terra e a lembrança não deixam, mas temos que levar a vida adiante. Como sei que as únicas notícias que vocês têm é através da mídia, peço que esqueçam os noticiários e acreditem em mim. Para pensar pelo bem das famílias que sofrem com essa tragédia não precisamos ver as imagens. E se por um acaso virem essas imagens, saibam que não estou em nenhuma região coberta pela mídia, muito pelo contrário, estou distante uns 300 ou 400 km, a depender da região que falam. E mesmo as notícias sobre Santiago dão conta de regiões mais periféricas, pra variar, onde as pessoas sofrem mais... e eu estou numa zona de classe média alta.

Meus queridos, é isso que tenho a dizer. Muito obrigado pelos bons  pensamentos, sigamos adiante! Se tivesse uma máquina fotográfica enviaria fotos da casa e do prédio, para comprovar o que digo. Enquanto não consigo isso, creiam que não estou mentindo. Como diz um amigo meu, nos próximos dias é melhor que "desliguem a tv e leiam um livro" :) (vejam quem está falando de ler livro hehehe :)).

Pensem no lado positivo, posso colocar no meu currículo um dado que poucas pessoas têm: "Sobrevivi a um terremoto de 8,8 pontos na escala Richter"... isso há de fazer diferença quando tentar um emprego numa universidade :)

Muitos beijos, abraços, bons pensamentos... estou bem e não vejo a hora de reencontrálos. AMO VOCÊS, e essa experiência só reafirma muitos dos valores que eu tinha, além de trazer muitos outros novos valores...

Pós Terremoto - parte I

(escrito em 28/02/2010)

oi povo,

Escrevo apenas para dizer que estou bem. Todos já devem saber do terremoto que ocorreu ontem à noite aqui no Chile, mas escrevo para tranquilizar a todos, nao passou de um grande susto (grande pra dedéu, diga-se de passagem :)).

Importante dizer que nao aconteceu nada comigo, nem com ninguém no bairro onde estou hospedado. Sei de notícias que outros bairros tiveram muitos problemas, mortes e tudo. Sei que os números assustam (dizem que chegou a 9 graus na escala richter), mas é importante lembrar que o Chile nao é o Haiti. O tremor aqui foi mais forte, mas o país tem uma estrutura razoável (enquanto os pobres haitianos sofrem com o título de país mais pobre das Américas).

Demorei de dar notícias porque a eletricidade foi cortada e o telefone está oscilando muito (dizem que por sobrecarga do sistema). Mas na casa onde estou o máximo que aconteceu foram alguns copos e pratos quebrados.

No mais, agora tenho certeza de que meu coracao é forte, e espero que o de todos voces também seja. Nao parava de pensar em minha mae, Isis, Alex, Neno, meus amigos... muito mais imaginando a preocupacao de vocês quando soubessem a noticia do que propriamente pelo medo (claro que eu fiquei com medo... mas voces entenderam o que eu quis dizer :)).

É isso... amo todos voces muito! Estou agora em uma lan-house, pq o telefone da casa ainda nao está bom. Assim que puder faco um contato mais direto. Estou refletindo bem o que aconteceu pra nao tomar nenhuma decisao precipitada (na hora do terremoto a única coisa que eu lembrei de pegar foi o passaporte, daí vocês tiram sobre o que estou refletindo hehe :)). Mas agora o pior já passou e estamos esperando os servicos normalizarem. A cidade já está com vida normal.

Muitos beijos em todos!

Charles